Lido Bruggerhorn
Uma brisa fresca, chinelos nos pés, um vestido leve a esvoaçar com o vento, o sol a encarar-te de frente enquanto tentas encontrar uma nesga de sombra. Esse é o sentimento do verão — uma certa leveza de ser. As coisas pesadas, densas, complexas — talvez sejam das mais belas da vida, mas pertencem a outra estação, não é verdade? Agora é tempo de abertura. De deixar as coisas correrem livres. De telas em branco preenchidas com salpicos de memórias inesquecíveis.
Esse é o propósito desta estrutura: ser tão leve que quase não se nota. A dançar entre as cercas. A brincar às escondidas. A mudar de aparência com as sombras do sol — uma presença fugaz, como qualquer um de nós no verão. Rodeada de natureza. Nua na sua estrutura. Vestida apenas com o estritamente necessário para resguardar o que nem todos devem ver.
Porque, sabes, no fundo, isto nem sequer é um edifício. É uma vedação. Uma vedação como aquelas que acompanham as dunas das praias — sempre presentes para proteger, nunca para separar. Não é uma barreira, é um sussurro. Tão leve que quase desaparece. Um elemento mágico que, de alguma forma, consegue reunir privacidade e abertura — duas coisas que tão raramente coexistem.
A arquitectura abraça a leveza e a transparência. Abre-se à natureza, deixando que esta ocupe o centro do palco. Essa abertura exigiu um método construtivo familiar: madeira, como as cabines de banho que se encontram junto aos lagos suíços. Por um lado, cria uma ligação fenomenológica, evocando um lugar que já nos parece conhecido. Por outro, garante simplicidade económica.
Essa mesma eficiência orienta a lógica estrutural: uma grelha pragmática de pilares em betão de 5x5 metros, definindo uma estrutura racional e económica — nada mais, nada menos.
Local
Tipo
Equipa
Elói Gonçalves, António Mesquita