Experimental

Nas periferias urbanas, proliferam casas de grande dimensão, muitas vezes construídas sem projeto claro, acumulando compartimentos e soluções improvisadas ao longo dos anos.
Espaços com ambição de escala, mas com fraca utilização real — casas que se tornam labirintos de funções soltas e pouco vividas.

Foi precisamente esse o ponto de partida desta intervenção: transformar uma casa caótica num espaço funcional, compacto e coerente.
A operação baseia-se num gesto central: criar um núcleo essencial, um volume com quatro faces que organiza o habitar.
Lareira, churrasqueira, arrumos e armazém — tudo se concentra nesse elemento que é, ao mesmo tempo, utilitário e simbólico. O centro, o fogo, o ponto de encontro.

Os pavimentos seguem a mesma lógica: conforto onde importa, praticidade onde é necessário.
A construção adota soluções comuns, acessíveis, com foco na exequibilidade e no pragmatismo, respeitando o que existe mas tornando-o habitável com qualidade.

A varanda, agora revalorizada, é um espaço retangular que prolonga os interiores. Abre-se à vista panorâmica e reforça a ideia de continuidade.
A guarda metálica, desenhada como linha fina e contínua, acompanha essa lógica — uma espécie de horizonte material que sugere o infinito.

Mais do que uma remodelação, esta é um projecto de síntese.
Fazer menos, com mais intenção