Prazeres
Implantada num terreno em declive, nas imediações do santuário da Ortiga, esta casa assume-se como um jardim que se abre seletivamente à paisagem. Do lado norte, virado para o santuário, pouco se deixa ver — apenas um jardim contínuo que parece prolongar o terreno natural, anulando a presença construída. A arquitetura recua, silencia-se. A verdadeira presença da casa revela-se a sul, onde a topografia cede e o volume emerge, rasgando o perfil do terreno com gestos controlados.
O acesso faz-se por um alpendre discreto, embutido na cobertura ajardinada, a partir do qual se acede ao interior. A organização espacial desenvolve-se em dois pisos interligados por um sistema de meios-pisos e mezanines, que permite uma articulação fluida entre os diferentes programas e uma permanente relação visual entre níveis. A estrutura funciona como um dispositivo contínuo, entre escavação e cobertura — uma tenda ancorada ao chão, aberta ao horizonte. No centro da casa, uma piscina atravessa o corpo edificado, furando o seu interior e projetando-se para o exterior a poente. Esta lâmina de água atua como eixo de transparência, frescura e extensão física, marcando o percurso solar e conduzindo o olhar para a paisagem.
A casa é, simultaneamente, abrigo e miradouro; construção e terreno. Uma peça que se esconde na topografia e se revela no seu uso, desenhada para existir em tensão entre a contenção e a abertura, entre o invisível e o exposto.
Local
Tipo
Equipa
Elói Gonçalves, Elena Bergamaschi, Sami Sahli
Cliente
Private