Pedreira
Ao fundo de um terreno ligeiramente empenado, muros de pedra solta, onde antes se dividiam campos e caminhos, erguem-se em cadência, ordenando o espaço com uma lógica ancestral. No fundo do lote, uma cobertura leve em madeira pousa sobre o último muro, tal como os antigos alpendres rurais que ofereciam abrigo com um gesto mínimo e generoso. A simplicidade construtiva traduz-se numa organização tranquila, quase intuitiva.
A escolha por um sistema modular em madeira evoca os saberes locais — estruturas montadas com as mãos que conhecem o ofício, materiais disponíveis, técnicas herdadas e adaptadas ao presente. A cobertura, protegida por tela asfáltica, e as fachadas revestidas a madeira queimada — escura como as traves antigas expostas ao sol e à chuva — garantem resistência e beleza. Com o tempo, a pátina não marca a decadência, mas celebra a passagem das estações e a dignidade do envelhecimento.
No limite, uma parede translúcida de tijolo estende-se como membrana silenciosa, definindo o limiar entre o que se oferece ao lugar e o que se resguarda nele.