Experimental

Implantado no coração de Luzerna, o novo teatro estabelece uma relação física e simbólica com três elementos centrais da identidade urbana: a ponte de madeira, a igreja e o centro histórico. Ao levantar todo o volume do edifício, o projeto não apenas liberta o solo, mas costura com precisão estes três pontos — tornando-se uma charneira cultural e espacial entre tempos, ritmos e usos.

Do lado da ponte de madeira, o gesto é de continuidade: o percurso pedonal que atravessa o rio prolonga-se sem obstáculos sob o teatro, mantendo a fluidez e o carácter público do espaço. O visitante não entra no edifício, atravessa-o. O teatro torna-se uma extensão natural da travessia.Voltado para a igreja, o teatro não a enfrenta, mas enquadra. A elevação do volume permite uma visão desimpedida, reforçando o papel da igreja como ponto alto da memória coletiva. Em vez de competir, o novo edifício celebra e amplia a presença do antigo, numa relação de respeito e ressonância.Em relação ao centro da cidade, o teatro torna-se porta de entrada e espaço de encontro. A praça sob o edifício funciona como um átrio urbano — palco informal, abrigo contra o clima, espaço de passagem ou permanência. O teatro é, assim, menos um objeto isolado e mais uma infraestrutura aberta, que intensifica as relações entre os cidadãos e os seus lugares.

A arquitetura, ao suspender-se, retira-se estrategicamente do chão para devolver a cidade aos seus habitantes. Este é um teatro que não fecha, não separa — mas liga, revela e prolonga.