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    Gameiro

    2022

    Nos arredores de Leiria, numa zona de transição entre tecido urbano disperso e áreas florestais, implanta-se uma nova habitação unifamiliar com génese na deslocação de uma família vinda de Lisboa para o centro do país. Esta mudança de contexto motivou uma abordagem arquitetónica que, assumindo um contraste claro com as construções existentes na envolvente, procura simultaneamente uma relação simbiótica com a natureza local.

    A casa organiza-se em torno de um pátio central, configurando uma matriz ortogonal que permite uma compartimentação funcional clara e eficaz. Um alpendre na fachada principal estabelece a transição entre o exterior público e o interior doméstico, funcionando como espaço de acolhimento e filtro térmico. A distribuição programática segue princípios canónicos: núcleo social a sul, zonas privadas a norte e programas de apoio estratégicos nos extremos do perímetro edificado. Cada canto acolhe um uso complementar — lavandaria, arrumos, zona técnica ou pequenos núcleos de trabalho — permitindo libertar o corpo principal da casa para usos permanentes e sociais. A sul, uma zona de lazer exterior e uma piscina definem a extensão da vivência doméstica para o exterior, aproveitando a exposição solar.

    A referência à arquitetura de New Canaan, nomeadamente aos pátios florestais de Eliot Noyes, é evidente na forma como o edifício se implanta no terreno e dialoga com a envolvente. O pátio central é revestido por um plano ajardinado contínuo, que atua como bacia de retenção, moderador térmico e suporte de biodiversidade autóctone — reforçando a integração ambiental da construção e promovendo conforto e eficiência.