Concéntrico
Algumas formas são poderosas pela sua clareza: num só olhar, revelam-se por inteiro. Outras, no entanto, ganham força precisamente pela sua ambiguidade — pela dificuldade em nomeá-las, pela inquietação que provocam.
É neste lugar que queremos posicionar esta instalação.
É uma tenda? Uma escultura? Deve ver-se ao longe ou habitar-se por dentro? Difícil dizer. E é aí que tudo começa: no desejo de compreender o que se olha.
Esse impulso — quase infantil — de querer chegar mais perto, de querer perceber, é o verdadeiro motor desta peça e da relação que ela estabelece com o público.
Em 1969, os The Who lançavam Tommy. Nele, Roger Daltrey cantava com intensidade:
“See Me / Feel Me / Touch Me / Heal Me”
“Listening to you, I get the music / Gazing at you, I get the heat”
Ambicioso? Sim. Mas não almejamos menos.
Este volume livre, enigmático e mutável pousa sobre a paisagem com a força de um ícone. Quer gerar desconforto, curiosidade, amor, talvez até repulsa. Beleza? Talvez. Ugliness? Talvez também. Mas, acima de tudo, quer mover.
Revestida por tecido reutilizado de um estaleiro de construção, esta instalação afirma o seu compromisso: com o lugar, com a ação, e com a consciência de que a sustentabilidade não é um adereço — é aquilo que nos envolve por inteiro.
Rave-se. Exponha-se. Contemple-se. Viva-se. Mas que nunca se esqueça:
isto não é só um objeto. É uma pergunta.
Local
Tipo
Equipa
António Mesquita
Elói Gonçalves
Tereza Jeckelova
Cliente
Concéntrico, Logroño International Festival of Architecture and Design
images
Visual Tonic