Experimental

Num terreno outrora ocupado por plantações de eucaliptos, voltado para a estrada nacional, instala-se agora um pequeno parque de campismo — uma intervenção que combina técnicas construtivas rudimentares com uma lógica modular sensível ao contexto. A proposta é marcada pela introdução de uma linha contínua de manilhas de betão empilhadas, que percorre o terreno longitudinalmente. Estes elementos industriais, habitualmente utilizados em infraestruturas hidráulicas, assumem aqui um novo papel: delimitar, proteger e organizar o espaço.

As manilhas marcam a fronteira entre as zonas públicas e os recantos mais privados. Empilhadas de forma ritmada e porosa, permitem vislumbres de diferentes usos e funcionam como suporte para bancos, vegetação ou arrumação — estruturando o espaço e oferecendo sombra pontual ao longo do percurso.

As estruturas de apoio — sanitários, zonas de lavagem e pequenos volumes de serviço — são executadas com elementos pré-fabricados, transportados e montados rapidamente, com mínima perturbação do solo. A utilização de materiais simples e industriais, como painéis de madeira tratada e chapas metálicas, cria uma estética crua, honesta e funcional, que contrasta com o ambiente natural envolvente.

Na frente do terreno, voltada para a estrada nacional, preserva-se a clareira deixada pela antiga plantação de eucaliptos. Nesse espaço, um palco baixo em madeira acolhe espetáculos e brincadeiras infantis, funcionando como ponto de encontro do parque de campismo — uma pequena praça comunitária para quem por ali passa. A vegetação espontânea que reaparece entre caminhos e plataformas reforça o carácter indomado do lugar, fazendo deste parque de campismo mais do que um espaço de alojamento: um ensaio de convivência com o inacabado e o improvisado.