Experimental

  • Arquivo
  • Random Beauty
  • Memórias
  • Sobre
  • 052

    Baldaya

    2022

    A proposta para a construção de 250 fogos habitacionais em Benfica parte de uma leitura atenta do território e das dinâmicas urbanas atuais da cidade de Lisboa. Localizado numa zona de grande pressão habitacional, onde a procura supera largamente a oferta disponível, este novo conjunto assume-se como uma resposta directa à necessidade de aumentar o parque habitacional acessível, articulando densidade, qualidade e integração urbana.

    O plano define uma malha assente em princípios de urbanismo de proximidade, estruturado a partir da criação de espaço público qualificado. Em vez de um único centro, o projecto propõe a formação de vários núcleos de vida colectiva — pequenas praças, pátios, jardins ou zonas de estar — que servem como centros de apropriação comunitária e ativação local. Estes espaços, interligados entre si por percursos pedonais, promovem usos diferenciados, abertos a interpretações informais e adaptações ao longo do tempo.

    A implantação dos edifícios respeita a morfologia do terreno, propondo uma ocupação progressiva e adaptável. A construção por fases é prevista desde o início, permitindo ajustar o ritmo da obra às disponibilidades financeiras e à evolução da procura. Cada fase mantém autonomia funcional e urbana, garantindo continuidade nos acessos, nos espaços exteriores e nas infraestruturas.

    A construção privilegia materiais de fácil acesso, com baixo impacto ambiental e compatíveis com a capacidade produtiva local. Sempre que possível, prevê-se o uso de materiais reciclados ou reaproveitados de demolições — pavimentos, alvenarias, estruturas metálicas — integrados no processo construtivo sem comprometer a durabilidade ou a segurança. A racionalização construtiva e a modularidade dos componentes permite acelerar os prazos de obra, reduzir custos e facilitar manutenções futuras.

    Mais do que um conjunto de edifícios, a proposta para Benfica procura constituir um novo fragmento de cidade: habitável, apropriável e permeável, capaz de integrar diferentes formas de habitar e contribuir activamente para a construção de espaço público útil, colectivo e transformável.