Experimental

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  • 039

    Capsule

    2024

    Num antigo escritório abandonado, agora transformado em estúdio mínimo, vive um bombeiro. O espaço, antes compartimentado e cego, foi reduzido ao essencial — uma plataforma branca para habitar, um armário de madeira contínuo para guardar, uma cozinha leve que parece flutuar no centro.

    No processo de obra, uma descoberta silenciosa: ao demolir uma parede espessa, surgiu metade de uma janela esquecida, encoberta por décadas de improviso. Agora, o espaço vive entre duas aberturas — uma de origem, outra revelada — e a luz, antes tímida, percorre a casa de uma ponta à outra. É ali que o bombeiro chega, depois dos turnos longos. Lava o rosto, dobra a farda, repousa o corpo. O estúdio não é grande, mas tem tudo: silêncio, ordem, luz. As marcas do antigo uso ficaram visíveis — recortes no reboco, tomadas sem função, sombras nas paredes — e são agora parte da matéria da casa.

    A cidade que ele protege está do lado de fora, mas neste interior claro e contido há uma pausa. Um lugar de observação e de descanso. Um abrigo.