Experimental

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  • 023

    Barros Lima

    2025

    O que antes funcionava como um escritório farmacêutico foi reconvertido em habitação. A intervenção tira partido da cota elevada do piso térreo em relação à rua, enquanto a cave se abre para um amplo pátio em betão. As demolições parciais foram utilizadas estrategicamente para modelar o terreno e introduzir variações topográficas — uma tentativa de trazer um fragmento do monte para o interior da malha urbana.

    O lote deu lugar a duas habitações: uma unidade frontal — um estúdio compacto com instalação sanitária — e uma casa principal em duplex, voltada ao jardim. No piso superior, localizam-se o quarto e o escritório; no piso inferior, um salão longitudinal estende-se entre dois pátios, permitindo uma vivência contínua entre interior e exterior. Um único objeto central organiza o espaço e incorpora múltiplas funções do programa — arrumação, circulação e divisões técnicas.

    A estrutura original em betão permanece exposta, assumida como elemento expressivo e construtivo. A fachada parece ter sido erguida sobre uma pré-existência: da casa antiga, emerge uma nova composição, marcada por um pano envidraçado de duplo pé-direito que contrasta com as pequenas aberturas superiores, vestígios do edifício original. O conjunto assume uma presença ambígua, quase animal — com ‘pernas’ visíveis e corpo retraído — sugerindo um organismo em tensão entre o passado e a sua nova forma habitada.